Pesquisa aponta 7 tendências de viagens para 2023: confira

Se comparado a 2022, as pessoas estão muito mais otimistas em relação a suas viagens em 2023. Apesar de ainda sofrerem com certa instabilidade no mundo todo, quatro em cada cinco brasileiros (81%) dizem que sempre valerá a pena viajar, sendo a quinta nacionalidade que mais concorda com essa afirmação, atrás apenas de China, Colômbia, México e Argentina. É possível observar uma mudança de sentimento, indo da incerteza para uma adaptação do jeito de viajar mais ousada, e se, em 2022, tudo girava em torno do retorno das viagens, 2023 será marcado pela reinvenção criativa em meio ao caos.

Para entender como as viagens serão reinventadas no próximo ano, a Booking.com encomendou uma pesquisa com mais de 24.000 viajantes de 32 países e territórios, e os dados foram complementados pelos insights da plataforma. O resultado desse trabalho são sete previsões para as viagens do futuro.

  1. Cautela no paraíso

Se desligar de tudo nunca foi tão desejado como em 2023, depois de anos turbulentos, que fizeram com que muitas pessoas perdessem a confiança no mundo e questionassem os confortos fúteis da vida moderna. Dois em cada cinco (40%) viajantes brasileiros querem que suas experiências de viagem sejam mais modestas e pé no chão. Eles buscam férias ‘desconectadas’, em que possam fugir da realidade (56%), desligar-se de tudo e levar a vida atendendo apenas suas necessidades básicas (40%). Os viajantes também desejam aproveitar as viagens em 2023 para aprender habilidades de sobrevivência (53%): muitos querem saber como obter água limpa (66%), acender uma fogueira do zero (46%), procurar comida na natureza (41%) e até mesmo se preparar para um apocalipse (40%).

Provavelmente veremos mais acomodações sustentáveis, que receberão viajantes urbanos que buscam simplicidade, além de lugares orientando os hóspedes sobre autossuficiência, mostrando como eles próprios podem buscar e preparar alimentos durante a estadia.

No entanto, esse desligamento em 2023 nem sempre será tão rígido. Há uma percepção comum de que “se desligar” significa abrir mão de luxos (44%). No entanto, muitas pessoas querem combinar as duas coisas.

Mas o quanto os viajantes de 2023 realmente estão dispostos a se desconectar? Mais de metade dos brasileiros (53%) têm uma exigência que não está aberta à negociação: o destino precisa ter internet e cobertura de telefonia. Por isso, muitos viajantes estarão desbravando o mundo, mas com o celular nas mãos.

  1. Viajantes virtuais

Antigamente, as viagens espaciais eram o que havia de mais ambicioso para ‘viagens de outro mundo’. Mas agora, qual é o próximo desafio? E qual o destino? Mais da metade (55%) dos viajantes brasileiros dizem que vão recorrer à realidade virtual para buscar inspiração para suas férias. Por isso, as viagens também devem entrar no espaço virtual 3D do metaverso em 2023. E como mais de um terço (38%) estão interessados em embarcar em uma experiência de viagem de vários dias por meio da realidade virtual, o metaverso será mais do que um recurso de “test drive” para viagens: ele vai educar, entreter e inspirar o público. O mundo físico não será mais um limitador e as pessoas poderão ter diferentes experiências de viagem em um único ano, conforme os mundos do metaverso começarem a se replicar e reinventar os destinos. Para além de 2023, o feedback tátil (ou seja, a comunicação com os usuários por meio de sensações de toque) tornará as viagens virtuais uma experiência verdadeiramente imersiva, proporcionando sensações críveis, como a de sentir os grãos de areia ou o calor do sol.

As pessoas ficarão mais ousadas em suas escolhas de viagem na vida real depois de poderem visitar seu destino no metaverso por meio de avatares on-line, e isso pode ser especialmente útil para os que se sentem ansiosos em novos lugares. A pesquisa mostrou que 57% dos turistas do Brasil têm mais chances de viajar para destinos que não teriam considerado anteriormente depois de experimentá-los no mundo virtual.  

Ainda que o metaverso apresente uma nova maneira de vivenciar as viagens em 2023, ele não impedirá as reservas no mundo real. Metade dos brasileiros (50%) acreditam que as experiências virtuais não são suficientes para tirar um destino de sua lista de desejos.

  1. Lazer fora da zona de conforto

Seja por conta da energia e da frustração reprimidas, seja por conta de um novo modo de ver a vida, o mundo está pronto para mergulhar de cabeça em outras culturas e novas experiências, com 68% dos viajantes do país querendo vivenciar um choque cultural completo em 2023. Isso significa viagens para locais onde as experiências culturais e os idiomas sejam completamente diferentes (52%), ou a descoberta de cidades menos movimentadas com atrações incríveis, mas pouco famosas (31%).

Esqueça os destinos de sempre. Em 2023, os viajantes querem férias que os choquem, surpreendam e encantem. Mais de três quartos (79%) querem viagens que sejam “fora da zona de conforto” e que testem seus limites. Por isso, podemos esperar muitas experiências de nicho que brinquem com extremos. Mais da metade (58%), por exemplo, estão à caça de iguarias exóticas, como a pimenta malagueta mais picante do mundo. Já 41% querem usar suas férias para fazer passeios de observação de OVNIs ou alienígenas.

  1. O encanto dos velhos tempos

Em meio à instabilidade global e ao desejo de escapar da realidade, muitas pessoas pretendem criar experiências de viagem que remontam a tempos mais simples. As viagens nostálgicas (89%), que proporcionam a emoção de reviver os dias de glória, estão no topo da lista de desejos em 2023. Há o desejo — mesmo entre millennials e a geração Z que nunca viveram essa experiência — de voltar à era pré-digital. Um quarto (25%) dos viajantes brasileiros está em busca de experiências que evocam memórias do passado, como visitar pontos turísticos ou atrações que aparecem em filmes antigos. Eles querem a adrenalina dos parques temáticos (74%) – sendo a segunda nacionalidade neste quesito, atrás apenas da Índia e empatado com a China – e a oportunidade de brincar com a imaginação, seja por meio de escape rooms ou caças ao tesouro. 

E como muitas pessoas da geração millennial hoje têm filhos pequenos, prevemos um aumento da procura por destinos famosos nos anos 80 e 90, como Budva, em Montenegro (uma alternativa glamourosa a St. Tropez para celebridades dos anos 80), ou Bolzano, na Itália, conhecida por seus mercados retrô de Natal. Os viajantes da geração millennial serão os primeiros a reservar acomodações temáticas que os transportarão de volta a uma época nostálgica.

  1. Peregrinações de paz e prazer

As viagens vão levar o bem-estar da ‘mente, corpo e espírito’ a outro nível em 2023. Teremos experiências totalmente imersivas e sem limites para alcançar a paz e o prazer, incluindo por meio de formas pouco convencionais. Viagens voltadas à prática de meditação e mindfulness nunca foram tão procuradas pelos viajantes brasileiros (44%), que buscam realinhar a mente. Duas em cada cinco pessoas do país (39%) querem encontrar a paz em um retiro de silêncio, e um número similar (42%) considera fazer uma pausa dedicada à saúde – como se concentrar em sua saúde mental ou mudar de hábitos.

  1. Viagens de negócios em boa companhia

Políticas do tipo ‘trabalhe de onde quiser’ hoje são quase tão comuns quanto as férias anuais. No entanto, os funcionários agora estão se afastando dessa ideia para garantir pausas completamente livres de trabalho. Um número significativo de pessoas no Brasil (70%) quer que suas viagens sejam livres de trabalho em 2023. Além disso, quase metade (43%) não tem interesse em trabalhar de outro lugar, mas consideraria participar de uma viagem organizada por sua empresa.

Por isso, as viagens de negócios estarão de volta em 2023. No entanto, ao contrário das viagens de negócios antes da pandemia do Coronavírus, os funcionários estão em busca de oportunidades presenciais (e longe do escritório) onde possam cultivar a amizade com sua equipe. Na verdade, 48% dos brasileiros espera que seu empregador planeje uma viagem de negócios ‘na vida real’ para unir as pessoas. Além disso, três em cada cinco (59%) gostariam de ver seu empregador usar o dinheiro economizado com a mudança para modelos remotos/híbridos em viagens corporativas ou retiros.

Assim, em 2023 veremos um aumento de retiros de negócios, em que o foco será no fortalecimento das relações e na recreação corporativa, em vez do trabalho em si. Haverá uma gamificação da experiência de retiro pelos empregadores, com viagens com a temática de ‘sobrevivência’ em cabanas de luxo e casas de fazenda, onde as pessoas terão que preparar suas refeições em grupo e participar de atividades de aventura ao ar livre, ou simulações de análise de cenas de crimes, que servem de desculpa para uma caça ao tesouro por pontos turísticos.

As empresas também colherão benefícios — sete em cada dez (72%) trabalhadores brasileiros acreditam que conhecer novos lugares os inspirará a serem mais produtivos no trabalho.

  1. Poupar para gastar

Devido à incerteza econômica global, as pessoas continuarão dando prioridade às viagens em 2023, mas estarão mais atentas ao orçamento, para aproveitá-lo ao máximo e direcioná-lo aos elementos mais importantes. Viagens voltadas ao lazer ainda estão no topo da lista. Mais da metade (57%) das pessoas do país dizem que investir nas férias continua sendo prioridade. Mas todos estarão atentos ao orçamento e três em cada quatro (74%) querem tirar o máximo custo-benefício do dinheiro gasto em viagens.

Em 2023, as pessoas farão seus itinerários com cuidado, prestando mais atenção ao orçamento e aproveitando promoções, dicas e épocas alternativas de viagem (65%). Além disso, elas vão dar prioridade às opções com desconto e programas de fidelidade (75%). Mais de metade (58%) vão tentar economizar escolhendo destinos fora da alta temporada ou fazendo trajetos maiores e 66% planejarão suas viagens com mais antecedência, para tentar aproveitar ofertas melhores.

Dentro desse contexto, muitos viajantes estão dispostos a gastar mais – e até mesmo esbanjar – nos elementos da viagem mais importantes para eles. Mais da metade (54%) dos turistas do Brasil dizem que permitirão mais exageros em seus gastos durante as férias para compensar os últimos dois anos, em que não puderam viajar. Além disso, 49% planejam gastos sem amarras para aproveitar ao máximo suas viagens e as experiências que valem a pena.

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